Modelo é uma típica moto americana, que agrada pelo design e potência do motor
Fotos- Carlos Souza Ramos

      

Estava eu lá, colocando capacete, luvas, óculos, fechando a jaqueta, quando noto um casal que se aproxima. 
— Que moto bonita moço!, exclama a mulher. 
— Meio sem jeito, sorrio e agradeço. O casal se afasta comentando sobre a moto.
Algumas horas depois estaciono num desses encontros que reúne toda a fauna motociclista de Campinas, digamos, uma fauna poderosa, de alta cilindrada e valor agregado. 
Paro de mansinho e logo vem outro casal. 
— Esse banco é original ou você estilizou?, pergunta ele.
— É original, respondi.
Ele se referia ao assento em formato de cela de couro caramelo, digamos, pouco convencional para uma motocicleta. Outro grupo se aproxima e começa a perguntar sobre o modelo.
— Ela só tem dois cilindros e 1.200 cilindradas? É um motor potente e compacto, comenta um. — E tem um estilo bonito mesmo, diz outro.


O objeto desta admiração é a lendária Indian Scout, uma típica motocicleta americana. A história desta clássica remonta a 1901, com o surgimento da Indian Motorcycle, a mais antiga fabricante de motocicletas dos Estados Unidos, e que teve papel importante no desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria motociclística. Foi ela que criou, por exemplo, a suspensão dianteira ajustável, partida elétrica, iluminação elétrica, suspensão traseira tipo “Swinging-arm”, acelerador rotativo no punho e a transmissão com duas velocidades.

Seus modelos mais populares são a Scout, fabricado antes da Segunda Guerra Mundial, e o Chief, produzido entre 1922 e 1953. A história da empresa Indian é repleta de altos e baixos e vale outra reportagem, mas é bom saber que a marca estava desativada desde 1953 e que voltou a ativa ao ser comprada, em 2011, pela Polaris, fabricante de quadriciclos e veículos off-road. 


No Brasil, a Indian foi lançada oficialmente no Salão Duas Rodas em outubro passado. Durante a apresentação, Rodrigo Lourenço, diretor-geral da Polaris para a América do Sul, anunciou que a expectativa era comercializar 800 motos no primeiro ano de atuação no País, o que faz do brasileiro um dos maiores mercados da marca fora dos Estados Unidos. Segundo dados da Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), de janeiro a maio a marca vendeu 307 unidades, sendo 197 da Scout. Além da Scout, também são montadas na fábrica em Manaus (AM) os modelos Chief Classic, Chief Vintage, Chieftain e a Roadmaster. 


A principal concorrente da Indian é outra americana, a também lendária Harley-Davidson. A briga pelo mercado promete ser boa. E é com a Scout que a marca quer abrir seu espaço no Brasil. Sozinha, deverá responder por 50% das vendas no País. Em Campinas, ela é comercializada pelo grupo Triple Power, que em maio inaugurou uma loja no Shopping Iguatemi, a primeira da Indian Motorcycle fora de uma capital. 


Acelerar uma Indian exige respeito pela sua história




Sentar e acelerar uma Indian Scout exige respeito por toda sua história secular. De cara, chama a atenção o design retrô bem caprichado, que lembra as primeiras Indian. Com um visual longo e baixo, ela é equipada com um motor de alta performance V-Twin de 1.133 cm³ e oito válvulas, o primeiro da Indian com refrigeração líquida. Capaz de gerar 100 cavalos de potência e torque máximo aos 5.900 giros, conta com injeção eletrônica de combustível e acelerador eletrônico. A transmissão secundária é feita por correia, que reduz o nível de ruído e a necessidade de lubrificação e ajuste por desgaste. 


O forte ronco que sai pelos dois canos cromados mostram o tamanho da força do motor. O torque na arrancada é impressionante. Em segunda marcha ela já passou dos 100km/h. Aliás, é muito fácil raspar a pedaleira nas curvas. Ela tem um bom ângulo de esterção, o que torna fácil de conduzir no trânsito, inclusive para os baixinhos. Tenha cuidado com o longo escapamento cromado, pois não há nada que proteja sua perna de uma queimadura. O radiador de água fica embutido no quadro, contribuindo para a harmonia do design. 


A embreagem é macia e o câmbio de seis marchas preciso, apesar do forte “tac” nas trocas. Destaque para os excelentes freios ABS, que seguram muito bem. A suspensão é curta, portanto, é saudável ao piloto ficar atento aos buracos para não levar trancos. Acima dos 140km/h senti o guidão meio “bobo”. 


A Scout tem um chassi principal em alumínio forjado, que aumenta a rigidez estrutural do conjunto e contribui para o baixo peso da motocicleta, que com 244 Kg figura como a mais leve da categoria. O chassi foi projetado em forma de triângulo para garantir as origens do modelo. 


O painel é único, redondo, com velocímetro analógico e no centro um pequeno visor digital com o odômetro total e parcial, indicador de temperatura do motor, da reserva de combustível e de marcha. O conta-giros, interessante, é em numeral sequencial. Além de charmoso, é fácil de visualizar. A Scout é oferecida na configuração para uma pessoa, ou seja, vem só o banco em couro, o que deixa à mostra o belo para-lama traseiro. As pedaleiras e o banco para a garupa são acessórios. Por fim, ela é um charme sobre duas rodas que agrada também a aqueles que nunca pilotaram uma moto, ou não conhecem sua história secular.



Por Jorge Massarolo
publicado no jornal Correio Popular - 
Campinas (SP

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